Saturday, November 26, 2005

 

O MISTÉRIO DO TIERPARK


Há dias fomos todos ao Tierpark, na Suíça, ali para os lados de Luzern.

O Tierpark é um Zoo em ponto pequeno mas muito arranjadinho, como todas as coisas na Suíça, aliás.

No Tierpark há, sobretudo, corças e veados, que se passeiam livremente pelo parque e vêm até junto dos visitantes para que estes as acariciem e lhes dêem comida. Também tem outros animais mas são as corças e veados que estão por toda a parte.

Também por todo lado se vêm rochas muito grandes e aparentemente estranhas.

A primeira coisa que o Jack fez quando entrou no parque foi ir observar os rochedos. O Jack tem uma predilecção especial pelas rochas, fica sempre espantado como é que coisas tão grandes e tão pesadas possam ter chegado aonde estão.

Na Serra de Sintra, próximo da casa dos avós do Miguel e da Rita, por exemplo, há rochas enormes mesmo no cimo dos montes, ás vezes estão mesmo em cima umas das outras. Quem foi o gigante que as levou para ali? interrogou-se o Jack quando as viu pela primeira vez. No Castelo dos Mouros as muralhas foram construídas em cima de rochas gigantes, de modo que nenhum invasor podia entrar no Castelo sem enfrentar as rochas. Aliás, foi por essa razão que lá construíram o Castelo.

No Tierpark, as rochas são enormes como as de Sintra, mas não são iguais às de Sintra, concluiu o Jack logo que as observou de perto.
E disse para o irmão, o Joe: Joe, estas rochas não são naturais!

?

O Joe não disse nada, aliás o Joe não estava com muita atenção ao que o Jack dizia, estava a olhar para os ursos, uns ursos enormes, mas não tão grandes como as rochas. De qualquer modo, reconheceu o Jack mais tarde, embora as rochas sejam enormes as pessoas que vão ao parque, vão lá para ver os ursos, a os linces, os mochos, aliás havia lá mochos muito “cool”, um deles era quase todo branco e estava muito quieto, só rodava a cabeça de vez em quando, parecia um farol a olhar calmamente à volta. São poucos os que reparam nas rochas.
Joe! Repara nisto: estas rochas são formadas por seixos, conchas, pedras de todas as cores, tamanhos e feitios – continuou o Jack, entusiasmado com a descoberta.

O Jeff não partilhava os entusiasmos do irmão, abanava com a cabeça a concordar, não se fosse o Jak aborrecer com o seu pouco interesse pelas descobertas dele. Entretanto, apareceu o Joe. O Joe vinha entusiasmadíssimo com o que vira no lago: patos de todas as cores e tamanhos e chamou os dois irmãos para irem até ao lago com ele. O Jeff foi, o Jack não, entretido como estava com o mistério das rochas do Tierpark.

De cada vez que olhava para as rochas mais intrigado estava o Jack: Quem é que construíra aquelas rochas, porque é que as construíra, como é que as levara para ali, eram questões que ele punha a si próprio mas não sabia responder.

Foi quando apareceu um contador de histórias que andava a visitar o parque com os netos.

O Joe e o Jeff já tinham voltado do lago, o Jeff para dizer alguma coisa sobre as rochas que encantavam o Jack disse:

- Quanto a mim estas rochas foram feitas pelos suíços. Como queriam fazer um parque na montanha e pensavam que as rochas faziam falta ao parque, construíram-nas!
O Jack pensou que o Jeff tinha razão, ele estava a pensar no mesmo.

O contador de histórias tinha-se, entretanto, aproximado do grupo de amigos e disse:

- Estás enganado Jeff , quando estas rochas foram aqui colocadas ainda não existiam suíços por aqui, aliás nem a Suíça existia. A terra a que hoje chamam Suíça viria a nascer muitos milhões de anos mais tarde. Parece uma historia estranha, mas é verdade. Hoje contam-se muitas histórias fabulosas com gigantes capazes de todas as proezas, de voar no espaço, derrubar monstros, atravessar os mares como um raio de luz, a imaginação não tem princípio nem fim. E no entanto, nenhum gigante jamais foi sonhado como aquele que trouxe estas pedras até aqui.

Nesta altura das palavras do contador de histórias os nossos três amigos tinham-se sentado à volta dele para saber quem era o tal gigante. O contador de histórias fez uma breve pausa e depois continuou:

- Esse gigante vive no centro da Terra, esta Terra onde nós vivemos e que entre os mares tem continentes, sítios onde hoje não chegam as águas do mar mas há milhões de anos chegavam. Aqui, há milhões de anos, acreditem, chegavam as águas do mar.

- E para onde foram essas águas? – quis saber o Jack

- Já te explico, continuou o contador de histórias. Há milhões de anos o gigante, que está no centro da Terra, um dia ao acordar espreguiçou-se. Quase toda a gente se espreguiça quando se levanta, não é?, estendemos os braços, bocejamos, aahh!, e ficamos melhor acordados. Foi o que aconteceu com o gigante que está no centro da Terra. Como era a primeira vez que isso acontecia, espreguiçou-se muito, muito, muito, mais do que devia por que empurrou a terra para cima, tanto, tanto, que aonde estavam águas do mar passaram a estar montanhas. Essa é razão porque estas montanhas têm seixos e conchas que pertenciam aos mares.
Experimentem vocês empurrar a roupa da vossa cama para cima e verão que também constroem montanhas.
- Mas essas não são montanhas, são muito pequenas para serem montanhas, disse o Jeff muito satisfeito consigo próprio por ter podido contrariar o contador de histórias.
- São pequenas claro, muito pequenas mesmo, mas vocês não são gigantes, pois não?- disse o contador de histórias e todos concordaram.

- E para onde foram as águas? – perguntou o Jack, mais entusiasmado que nunca com a história e por ter descoberto o mistério do Tierpark.

- Para o mar, claro! respondeu o contador de histórias. E acrescentou: As águas correm sempre para o mar, porque o mar está mais baixo que a terra, muito mais baixo que as montanhas, as águas correm sempre para os sítios mais baixos, não é verdade?

Todos concordaram.

- Mas as histórias do gigante do centro da terra não ficam por aqui. Há muitas. Tantas que ninguém sabe quantas. Nem mesmo os mais velhos.



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